Política

Mesquita Nunes quer mudança de líder: “crise de sobrevivência” do CDS “não conseguirá ser resolvida com esta direção”

Mesquita Nunes quer mudança de líder: “crise de sobrevivência” do CDS “não conseguirá ser resolvida com esta direção”
Nuno Botelho

Antigo vice-presidente dos democratas-cristãos escreve artigo arrasador para Francisco Rodrigues dos Santos. Pede que os militantes voltem a ter a palavra ainda a tempo das autárquicas: "Daqui a um ano, será tarde demais."

Está dado o tiro de partida para mais um período de combates fratricidas no CDS. Digeridos os resultados das presidenciais, Adolfo Mesquita Nunes escreveu um artigo abrasivo para a direção de Francisco Rodrigues dos Santos, no qual pede mesmo que o partido mude de vida - de liderança, entenda-se. "A crise de sobrevivência que o CDS hoje atravessa não conseguirá ser resolvida com esta direcção", defende o antigo secretário de Estado do Turismo num texto publicado esta terça-feira à noite no "Observador".

Na ótica do ex-vice-presidente de Assunção Cristas, "diariamente se confirma que a atual direção do CDS não foi capaz de liderar" um projeto alternativo para o país, mesmo quando, olhando para o lado, outras forças, como o Chega ou a Iniciativa Liberal, conseguiram crescer à direita. "Independentemente das boas intenções" da cúpula de Rodrigues dos Santos, realça, o partido não pode esperar mais.

Embora reconhecendo legitimidade à atual direção para continuar em funções (por ter ganho o Congresso de 2020), Mesquita Nunes considera "claro" e "evidente" que dentro de "um ano, quando o seu mandato terminar, será demasiado tarde para reagir, com os partidos emergentes a consolidar-se cheios de entusiasmo e o CDS a decair projectando uma imagem de erosão".

"Daqui a um ano, será tarde demais. Se for já, ainda vamos a tempo de autárquicas, ainda vamos a tempo de projectar uma nova força", atira o antigo deputado, o principal rosto da ala mais liberal do CDS.

Assim, Mesquita Nunes deixa um apelo para que CDS tome uma decisão: "Quer mudar de caminho enquanto é tempo, e portanto mudar de direcção; ou quer seguir o caminho até aqui, mantendo tudo como está?" Quem quiser manter o caminho que tem vindo a ser trilhado, sustenta ainda, "estará a dizer aos portugueses que o CDS não atravessa um problema de maior, que o risco não é gravíssimo, que estamos num caminho aceitável, que esta vertigem para a irrelevância é um invenção ou uma ilusão".

Solução? Um Conselho Nacional "urgente" no qual se discuta se o partido "deve devolver a palavra aos militantes" através de um novo conclave - se necessário por via digital - para escolher um novo líder e também outros órgãos nacionais. "Ainda vamos a tempo", remata.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate