“Sempre dissemos que se o tribunal não nos amparasse, nós saíamos a bem. É isso que vamos fazer”. Quem o garante ao Expresso é Maria José, uma das resistentes que ainda habitam os 11 apartamentos ocupados do Prédio Coutinho, em Viana do Castelo. Os moradores do Edifício Jardim comunicaram esta segunda-feira à noite, através de um comunicado conjunto, que “decidiram voluntariamente abandonar as frações” e entregar as chaves à empresa municipal VianaPolis.
Foi na passada quarta-feira, 20 de janeiro, que o Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga deixou cair a providência cautelar que sustentava a resistência dos moradores do Coutinho. A partir daí, explica Maria José da Ponte, “as pessoas não podiam arriscar viver sem água e sem luz, que a qualquer momento podem ser cortadas”.
“Queremos evitar isso. Não queremos violência, até porque estamos a falar de pessoas muito idosas”, afirma a moradora do T3 localizado no sétimo andar da torre 143.
“Os moradores do edifício Coutinho são pessoas de bem, que sem qualquer culpa foram e são objeto de um processo que consideram contrário à lei e que entendem que atenta contra os seus direitos”, pode ler-se no comunicado. “Nunca receberam qualquer ordem judicial para abandonarem as frações que são os lares de toda uma vida”, enaltece a mesma nota, “mas estão cansados, têm idades muito avançadas e além disso são pessoas doentes, daí que decidiram voluntariamente abandonar as suas casas”.
“Podemos estar fora mas não vamos ceder”
Agora, informam, “irão começar a preparar a desocupação e a mudança, mas em face do estado de emergência em vigor, da situação epidemiológica grave que o país e o mundo atravessam e porque são pessoas de risco, estimam concluir as mudanças brevemente, assim as condições epidemiológicas o permitam e aconselhem”.
"Eu não tenho para onde ir. Terei de alugar uma casa", conta ao Expresso Maria José da Ponte, que pede “um tempo razoável” para que os moradores possam sair de forma segura e pacífica, o que no seu entendimento pode levar entre “30 ou 60 dias, depende de como evoluir a pandemia”.
Os moradores do Prédio Coutinho garantem, no entanto, que a saída “não significa que não irão prosseguir a sua luta” junto dos tribunais, “na defesa daquilo que entendem ser os seus legítimos direitos”. Vários processos judiciais ainda se encontram pendentes e Maria José deixa o aviso: “podemos estar fora mas não vamos ceder”.
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