Política

Assessor de Joacine justifica escolta à deputada com “interrupções constantes” dos jornalistas

Joacine Katar Moreira e o seu assessor, Rafael Esteves Martins
Joacine Katar Moreira e o seu assessor, Rafael Esteves Martins
MIGUEL A. LOPES

Rafael Esteves Martins, assessor da deputada única do Livre, diz que a “cultura de trabalho” de Joacine é uma “cultura de descanso, no sentido intelectual do termo” e que não permitirá “interrupções constantes” dos jornalistas

O assessor de Joacine Katar Moreira justificou a chamada de um elemento da GNR, desfardado, para escoltar a deputada única do Livre com a pressão dos jornalistas. Rafael Esteves Martins disse, em declarações à Rádio Observador, que “não é possível fazer um trabalho claro, esclarecido e lúcido quando estão sempre a interromper”.

O caso foi esta terça-feira registado pelas câmaras de televisão da SIC, que acompanhavam um repórter a tentar perguntar a Joacine Moreira por que não foi entregue a tempo o projeto de alteração à Lei da Nacionalidade, um dos cavalos de batalha do partido. Nesse momento, o assessor colocou-se entre o jornalista e Joacine, até depois solicitar segurança para acompanhar a deputada à saída do Parlamento. A deputada tinha dado uma entrevista ao canal internacional Al Jazeera.

Na entrevista desta manhã, Rafael Esteves Martins desmente a informação, afirmando que o pedido foi apenas para que Joacine fosse acompanhada “até ao seu gabinete, não para sair do Parlamento”. E que, aliás, esse pedido não foi formal, mas uma casualidade explicada pelo facto de estar ali um GNR “a olhar pela sala” do Salão Nobre da AR — “isto é um museu” —, e disponível para esse serviço.

O assessor do partido explica a escolta com as “interrupções constantes” da comunicação social e o “hábito de cercar” políticos e potenciais entrevistados. “Quando estamos a trabalhar num projeto de lei, não conseguimos fazê-lo se estivermos sempre na presença de jornalistas, a receber chamadas ou pedidos de informação que, a nosso ver, não são do interesse público”, queixou-se ainda Rafael Esteves Martins.

Os pedidos de informação dos jornalistas têm aumentado nos últimos dias depois das divergências e falhas de comunicação entre a deputada eleita pelo Livre e a direção do partido, que incluiu desmentidos, acusações e furos de pactos de silêncio, além da já citada entrega de um projeto de lei fora do prazo.

O assessor não pôs de parte a hipótese de voltar a recorrer a escolta policial — “não haverá outra forma” — e explicou que a “cultura de trabalho” de Joacine é uma “cultura de descanso, no sentido intelectual do termo”. Acusando um jornalista de ter invadido o gabinete da deputada do Livre, Rafael Esteves Martins pediu no Twitter: “Larguem o osso”.

Já na manhã desta quarta-feira, Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República (AR), pediu esclarecimentos à Secretaria-geral do Parlamento sobre o incidente. Citado pelo jornal Observador, o secretário-geral da AR, Albino de Azevedo Soares, explicou que “os serviços de segurança não deviam ter disponibilizado um elemento para acompanhar a deputada porque não estava em causa a sua segurança física”.

Notícia atualizada com o pedido de esclarecimento de Ferro Rodrigues

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