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A juíza que Trump nomeou para o Supremo dos EUA é originalista. Que significa isso na luta pelo poder entre republicanos e democratas?

Amy Coney Barrett
Amy Coney Barrett
ERIN SCOTT / POOL

Respeito pelo texto da lei ou facciosismo? O originalismo é professado por Amy Coney Barrett, magistrada que, a confirmar-se a nomeação, aumenta a maioria de conservadores sobre os liberais para 6-3 na mais alta instância judicial dos EUA. Caso haja disputas sobre o resultado das presidenciais de 3 de novembro, as decisões vão passar pelo Supremo, o que torna mais decisivo do que nunca o seu (pelo menos aparente) controlo

Luís M. Faria

Jornalista

Na altura em que decorrem as audiências para confirmação da nova juíza do Supremo Tribunal americano, Amy Coney Barrett, volta-se a falar no originalismo, teoria jurídica (mais precisamente, teoria de interpretação) muito querida dos conservadores americanos. Diz ela que se deve interpretar a lei — e, em particular, a Constituição, no caso do Supremo Tribunal — de acordo com o sentido original do seu texto, tendo ou não em conta a intenção das pessoas que a escreveram originalmente; ou seja, o que interessa é “a lei como está escrita”.

Perfilhada por Barrett e por pelo menos dois juízes que já se encontram no tribunal, essa teoria é uma rejeição direta da chamada “Constituição viva”, a ideia de que a interpretação da lei fundamental, mantendo-se fiel ao essencial dos princípios, deve evoluir de forma a acompanhar a própria evolução dos valores sociais. Decisões resultantes da aplicação desta última teoria terão sido, entre muitas, as que legalizaram o aborto e o casamento homossexual nos Estados Unidos, bem como as que alargaram a proteção da Primeira Emenda (sobre liberdade de expressão) a afirmações difamatórias sobre figuras públicas, desde que não tenha havido intenção maliciosa, e as que obrigam a polícia a ler aos suspeitos os seus direitos quando os prendem.

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