A juíza Amy Coney Barrett, indicada por Donald Trump para o Supremo Tribunal dos EUA, garantiu que não manteve “qualquer conversa com o Presidente ou qualquer membro da sua equipa” sobre o modo como atuará se for confirmada para o lugar deixado vago pela morte da juíza progressista Ruth Bader Ginsburg. Designar alguém para um tribunal para obter “um resultado particular” seria “uma violação total da independência do judiciário”, sublinhou. No segundo dia das audições de confirmação no comité judiciário do Senado, a juíza conservadora foi evasiva quando chamada a pronunciar-se sobre questões fraturantes, assegurando que a sua única “agenda” é a defesa do “Estado de Direito”.
A senadora Dianne Feinstein, a mais destacada democrata naquele comité, questionou Barrett sobre as suas posições relativamente ao aborto e aos direitos LGBTQ, por exemplo. A juíza respondeu que não tencionava “tentar reverter” decisões já tomadas e que, apesar de ser uma católica devota, “nunca tentou impor” as suas escolhas pessoais – nem na sua vida pessoal, nem na sua vida profissional. No entanto, os democratas temem que, caso seja confirmada, Barrett favoreça os republicanos em casos sensíveis que cheguem ao Supremo.
Para a juíza, o acórdão Roe vs. Wade, que em 1973 abriu portas à despenalização da interrupção voluntária da gravidez, não pertence à categoria de sentenças judiciais conhecidas como “superprecedentes”, isto é, decisões consideradas tão fundamentais que não podem ser revogadas. Quanto à comunidade LGBTQ, depois de horas debaixo de fogo dos senadores democratas, Barrett acabou por pedir desculpa por ter usado a expressão “preferência sexual” para se referir àquela comunidade.
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