Economia

“Eu não devo absolutamente nada”, diz antigo dono de uma devedora da Caixa

“Eu não devo absolutamente nada”, diz antigo dono de uma devedora da Caixa
José Fernandes

Empresa Jupiter, antiga accionista da catalã La Seda, devia 89 milhões de euros à CGD em 2015. O seu antigo administrador, Matos Gil, recusa que tenha dívidas

“Eu não devo absolutamente nada”, diz antigo dono de uma devedora da Caixa

Diogo Cavaleiro

Jornalista

Tal como Joe Berardo, Manuel Matos Gil acusou a Caixa Geral de Depósitos de má gestão e de não ter defendido os interesses do banco. E, tal como Joe Berardo, Manuel Matos Gil diz que nada deve.

“Eu não devo absolutamente nada. A Selenis não deve absolutamente nada. A IMG não deve absolutamente nada”, afirmou o empresário português que foi parceiro da CGD na catalã La Seda, esta terça-feira, na comissão parlamentar de inquérito à gestão do banco público, que tem estado a ouvir os envolvidos nas operações mais polémicas e que mais perdas causaram.

Matos Gil é o líder do grupo Imatosgil (IMG). O grupo entrou na empresa espanhola La Seda de Barcelona em 2003 e, nos cinco anos seguintes, foi reforçando a sua posição. Foi também nesse período que a CGD foi avançando na empresa catalã. E foi em 2007 que a Selenis, empresa em que o grupo IMG era accionista relevante e de que Matos Gil era presidente, fecha um contrato de financiamento com a CGD e com a Caixa Capital. O financiamento podia ir até 115 milhões de euros, garantido pelo penhor de acções de 10,9% da La Seda.

Matos Gil criticou a CGD por não ter executado esse penhor quando as garantias perderam valor (as ações da La Seda caíram), considerando irregular essa decisão do banco público: “esteve nas mãos da CGD a recuperação total do empréstimo concedido”. Aliás, também Joe Berardo tinha apontado, na sua audição, para a má gestão dos dossiês por parte das instituições financeiras.

A Selenis SGPS (que Matos Gil quis ao longo da audição deixar claro que não controlava) tornou-se em Jupiter SGPS e foi esta que, accionista de uma La Seda insolvente, viu-se sem forma de pagar ao banco público. “Não sou eu o devedor”, repetiu Matos Gil aos deputados.

No relatório da EY aos atos de gestão da Caixa, está indicado que a Jupiter devia 89,2 milhões ao banco, ainda que já todo o montante tivesse reconhecido como perdido. A empresa Jupiter foi vendida em 2009, deixando aí Matos Gil de ser acionista, mas o responsável não revelou a quem vendeu. Quem é a dona da empresa? “Não sei”, respondeu.

A La Seda, em Barcelona, foi a primeira accionista do projeto petroquímico em Sines, de que a CGD se tornou financiadora e principal accionista, e onde chegou a ter uma exposição superior a 500 milhões de euros. Conseguiu vender o empreendimento químico por 28 milhões à Indorama Ventures.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt

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