O Plano de Recuperação e Resiliência submetido pelo governo português à Comissão Europeia prevê repartir €90 milhões da chamada “bazuca europeia” em três mil vales de apoio – vulgo vouchers – de €30.000 cada um para apoiar o empreendedorismo de base digital.
“Voucher para Startups - Novos Produtos Verdes e Digitais” é o nome deste programa de €90 milhões que conta entregar vales a três mil startups por concurso, mediante critérios ainda por definir.
O que já se sabe é que as candidaturas passarão pela Agência para a Competitividade e Inovação (IAPMEI) à semelhança do que já se passa com outros incentivos já existentes na área de empreendedorismo, como por exemplo, o Startup Voucher.
Este programa de vouchers visa apoiar startups que tenham ou queiram desenvolver modelos de negócio digitais e com forte componente verde, nomeadamente de elevada eficiência na utilização de recursos, que permitam a redução dos impactos da poluição, que fomentem a economia circular, que constituam novas soluções de produção energética e/ou que se caracterizem pela utilização de dados abertos ou de inteligência artificial.
Os vouchers poderão ser utilizados em recursos humanos altamente qualificados, que contribuam para as atividades de investigação & desenvolvimento ou na aquisição de serviços de incubação, aceleração ou consultoria que convirjam no mesmo objetivo.
Empresas 4.0
Esta é apenas uma das várias medidas que consta do pacote de €650 milhões de subsídios europeus para a transição digital do tecido empresarial português.
Como já noticiado, o governo espera recuperar o atraso das empresas nacionais através de diversos investimentos no reforço das competências digitais dos trabalhadores, na modernização do modelo de negócios das empresas, no comércio eletrónico e na incorporação de tecnologias disruptivas além deste incentivo ao empreendedorismo de base digital.
Esta é uma oportunidade para a transição digital das empresas, mas também um motor de transformação para Portugal, como já discutido nos debates na internet que o Expresso tem dinamizado em parceria com a Deloitte aqui.
“Agora, o grande desafio com que as micro, pequenas e médias empresas (PME) se deparam é como evoluírem de “doing digital” (estar no digital) para efetivamente “being digital” (serem digitais). E esta diferença entre estar no digital e ser digital é muito mais do que mera semântica”, alerta o partner da Deloitte, Diogo Santos.
Para este perito, ser digital implica adaptar processos de negócio ao mundo digital ou mesmo implementar novos processos, e não apenas replicar no digital os processos que já existiam. Tal requer um trabalho contínuo de “curadoria” da presença digital, garantindo interação com clientes no mundo digital e qualidade de conteúdos digitais.
“Tudo isto remete para a necessidade de o Plano de Recuperação e Resiliência - além de focar o investimento para as PME entrarem no mundo digital - criar também as condições para que as PME sejam eficientes e eficazes na sua atuação no mundo digital e consolidem a sua presença neste mundo”, diz Diogo Santos.
Neste contexto, o perito antecipa três tendências no mercado da transformação digital das PME: “Antecipo oportunidade para surgirem “bundles” (pacotes) de serviços que agreguem hardware, software e conectividade. Antecipo oportunidade para surgirem pacotes que agreguem soluções tecnológicas de comércio eletrónico, marketing digital e redes sociais. E antecipo oportunidade para fornecedores de soluções baseadas na “cloud” permitirem às PME terem acesso a funcionalidades de última geração”.
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