Economia

Tomás Correia arrasa multa do Banco de Portugal

Tomás Correia arrasa multa do Banco de Portugal
NUNO FOX

O presidente da associação mutualista Montepio foi à comissão parlamentar de inquérito à CGD dizer que se demitiu porque a politica de crédito da Caixa depois de 2001 tinha deixado de ser prudente

Tomás Correia arrasa multa do Banco de Portugal

Isabel Vicente

Jornalista

Tomás Correia, que deixou de presidir ao Banco Montepio em agosto de 2015 e foi condenado recentemente pelo Banco de Portugal a uma coima de 1,25 milhões de euros - por infrações graves no Banco Montepio entre 2009 e 2014 -, afirmou na comissão parlamentar de inquérito à Caixa que as coimas aplicadas pelo Banco de Portugal são excessivas e que são os tribunais que condenam e não as entidades administrativas, leia-se Banco de Portugal.

"Por uma questão de defesa da honra, que admito não estar em causa, as entidades administrativas (leia-se Banco de Portugal) não condenam. Isso é feito pelos tribunais. O tempo do arbítrio passou, agora vamos ter o tempo da justiça", afirmou Tomás Correia.

O lider da associação que é dona do Banco Montepio diz haver uma discrepância entre as coimas aplicadas pelo Banco de Portugal e o facto de estas não se traduzirem em inibição de exercício na atividade financeira. Referindo mesmo que o Banco de Portugal tentou "encontrar questões éticas e ficaram-se pelos procedimentos", desvalorizando o que foi a mão pesada do Banco de Portugal no que diz respeito à condenação de uma coima elevada.

Recorde-se que Tomás Correia vai recorrer da condenação do Banco de Portugal para o tribunal de Santarém. Considerou mesmo que a condenação do Banco de Portugal não tem pernas para andar no campo judicial.

Tomás Correia foi chamado à comissão parlamentar porque fez parte da administração liderada por António de Sousa entre 2000 e 2003 e podia não ter respondido. Isto porque o objeto da comissão é a CGD e, como tal, esta questão desvia-se do assunto que o levou lá, como lembrou o presidente da comissão, Luís Leite Ramos. O também deputado do PSD justificou que a questão tinha surgido porque o ex-presidente da CGD e também do Banco do Montepio tinha dito e repetido durante a sua audição que a Caixa "tinha uma politica de crédito muito conservadora e prudente" e que uma das razões por que se quis reformar em 2003 e sair da Caixa onde passou 36 anos do seu percurso profissional foi porque esta política se tinha perdido.

Tomás Correia aproveitou a deixa para dizer que, ao contrário da Caixa, "o Montepio resolveu todos os seus problemas sozinho ao longo desta crise". Não tem lesados, não pediu um cêntimo aos contribuintes" e "não está entre os grandes devedores que esta comissão está a analisar". Referiu ainda que o banco "tem dificuldades porque a crise foi grande mas está preparado para apoiar a economia".

Durante a sua audição, que já terminou, Tomás Correia fez questão de sublinhar que não se conformou com a política de crédito seguida depois de 2001 durante o mandato de António de Sousa, a quem chamou "sr. Sousa", e as decisões estratégicas da Caixa no Brasil.

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