Estava tudo a correr tão bem quando André Ventura fez ‘saltar a tampa’ ao primeiro-ministro. Em boa verdade, António Costa devia agradecer-lhe porque, como se viu pela fotocópia que tinha preparado para este debate, estava à espera que alguém lhe lançasse a ‘bisca’ da austeridade. E a resposta que levava no bolso tinha um objetivo - tentar arrumar de vez (passando o ónus da confusão para os jornais) que a sua tese é só uma: "Não haverá medidas de austeridade". Ponto final.
"O senhor primeiro-ministro disse no programa da Cristina que não haverá austeridade, no programa do Goucha e no da Maya que talvez haja. Pode concretizar? Há-de ter alguma ideia", atirou o líder do Chega, já o debate (até ali pacífico e em clima de cordato namoro entre Governo e PSD) se aproximava do fim.
António Costa sacou da fotocópia - "posso ter ideias e não as mudo de segunda para sexta-feira" - e aproveitou para tentar consolidar a teoria segundo a qual disse "a mesma coisa" nas entrevistas que deu ao Observador, à Lusa e ao Expresso. A saber: que "o país não precisa de austeridade, precisa de relançar a economia".
Então e o título do Expresso em que se lia a propósito de austeridade "não dou uma resposta que amanhã não possa garantir"?. "É mentira?, perguntou-lhe o líder do Chega. "A resposta que aqui está responde a outra pergunta", argumenta o primeiro-ministro. A pergunta para a resposta que ali estava era esta (pode ler e ouvir aqui parte da entrevista): "Não estamos na circunstância do ex-Presidente dos EUA que respondeu a uma pergunta assim [sobre austeridade]: 'read my lips' (leia nos meus lábios)?". É quando Costa responde: "Não dou uma resposta que amanhã não possa garantir".
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