O tema foi levantado por André Ventura: no debate quinzenal, na Assembleia da República, o deputado do Chega pressionou António Costa a comprometer-se com uma resposta definitiva sobre se será, ou não, necessário aplicar medidas de austeridade depois desta crise, para voltar a consolidar as contas. Ventura fez perguntas concretas: "Vamos cortar pensões? Vamos pagar o subsídio de Natal? Vamos ter aumentar o IVA? Vamos ter de aumentar o IRS?"
Na resposta, António Costa mostrou uma folha com a entrevista que deu ao Expresso este sábado, dizendo que o título ("Austeridade? 'Não dou uma resposta que amanhã não possa garantir', diz Costa") não era uma resposta sua sobre a austeridade, mas uma resposta a outra pergunta. Depois, citou o que disse ao Expresso na primeira questão que lhe foi colocada sobre o tema: "Foi uma má ideia e seria uma má ideia. O país não precisa de austeridade, precisa de relançar a economia."
Mas o primeiro-ministro nunca citou as respostas que vinha nessa sequência. Uma sequência de três perguntas sobre austeridade, que aqui reproduzimos na íntegra - em texto e em versão áudio - para que os leitores do Expresso, e os cidadãos portugueses, possam avaliar por si próprios. A sequência de perguntas era toda sobre austeridade - e incluía uma pergunta reproduzindo um ex-Presidente americano, que jurou ("read my lips") que não aumentaria os impostos, mas acabou por fazê-lo mais tarde. Essa promessa quebrada, conta a história, ter-lhe-á custado a reeleição.
A entrevista, tal como foi
Na última semana perguntaram-lhe sobre se admite que venha a ser necessário aplicar medidas de austeridade.
Foi uma má ideia e seria uma má ideia. O país não precisa de austeridade, precisa de relançar a economia.
Escolheu sempre as palavras “espero que não”, “evitar”...
Lembra-se da sua pergunta anterior sobre a incerteza?
Lembro-me. Ia perguntar se não estamos na circunstância do ex-Presidente dos EUA, que respondeu a uma pergunta assim dizendo “read my lips”.
[Risos] Pode ler à vontade o que está nos meus lábios [sorriso]. Mas já ando nisto há muitos anos para não dar hoje uma resposta que amanhã não possa garantir. E acho que há um fator fundamental para sairmos desta crise, que é mantermos confiança. E a confiança tem de assentar em todos percebermos qual é o grau de incerteza em que vivemos e qual é o grau de compromisso que podemos assumir.
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